Um aluno pediu que eu respondesse algumas questões sobre o fascínio que a Polaroid exerce sobre as pessoas. Comecei a rabiscar idéias e refletir sobre alguns pontos. Acabei transformando a resposta em um texto e estou seriamente pensando em encorpá-lo até virar um artigo. Aqui está uma palhinha:
Acontece na fotografia uma retomada do processo histórico. Basta vermos os grupos que discutem e produzem a fotografia pinhole. Existem ainda cursos voltados a outros processos, como o daguerreótipo e a cianotipia. Há quase 10 anos, a fotógrafa Chris Bierrenbach se dedica a produção de daguerreótipos. O Sesc Pompéia, em São Paulo, recentemente ofereceu uma oficina de cianotipia ministrada pelo fotógrafo Eduardo Kalif.
Cada processo, seja ele histórico ou não, tem uma liguagem específica. O aparato técnico muitas vezes já direciona a produção para esse ou aquele resultado. Perceber essa mudança é fácil. Peça para qualquer fotógrafo que hoje esteja trabalhando com uma câmera digital voltar a fotografar em filme. Ele terá novamente que se adaptar à técnica, pois a liguagem será outra.
Isso acontece também com a Polaroid. A adaptação à técnica desperta sentidos e muitas vezes requer a abstração total. Acredito que, a principio, a Polaroid tenha sido criada com o intuito de saciar a urgência de tornar real a imagem produzida. Conta-se que o processo tenha surgido do capricho da filha de Edwin Land, criador das câmeras Polaroid, que reclamava por ter que esperar muitos dias para ver as fotos das férias. Mas esta ansiedade é comum a quase todos.
Não precisamos voltar muito no tempo. Há pouco mais de 20 anos, o tempo para a revelação dos negativos e ampliação das fotos era de uma semana. Com o aprimoramento das técnicas, esse prazo caiu para um dia, depois horas, alguns minutos e agora, com a tecnologia digital, a imagem surge instantaneamente na tela.
Não queremos mais perder tempo nem para ampliar as imagens. A projeção na tela do computador é suficiente. Muitas fotos nem saem da câmera. São visualizadas ali mesmo e mais tarde apagadas. Poucos se perguntam onde vamos parar com a produção desenfreada de imagens.
“Qual o futuro da Polaroid?”, questionam os fãs do processo. Na Holanda criou-se um projeto para tentar fabricar os filmes para a máquina Polaroid com um custo menor. Espera-se que, desta forma, o processo volte a se popularizar. Talvez o destino da Polaroid seja o mesmo da câmera analógica. Sua extinção não será decretada, mas viverá do esforço de poucos que insistem em manter a técnica viva.
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